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Expectativa x Realidade

Atualizado: 21 de nov. de 2020

Diz o Michaelis que:

expectativa

ex.pec.ta.ti.va

sf

  1. Situação de quem espera um acontecimento em tempo anunciado ou conhecido.

  2. Esperança baseada em supostos direitos, probabilidades ou promessas.

  3. Estado de quem espera um bem que se deseja e cuja realização se julga provável.

realidade

re.a.li.da.de

sf

  1. Qualidade ou estado do que é real.

  2. O que existe realmente; o que tem existência objetiva, em contraste com o que é imaginário ou fictício; fato real, realidade, realeza.

É clichê começar texto com definição de palavras e espero do fundo meu eu que não fique por completo. No TNT passado abordei a justamente esse tema e percebi como esperamos muito dos outros, de nós e da vida.


Notei que, majoritariamente, almejamos demais dos outros, seja em qualquer tipo de relacionamento. Ao nos projetar no outro criamos uma falsa expectativa de sermos correspondidos na mesma medida. Só que não somos iguais, sentimos, expressamos e nos comunicamos de maneiras bem distintas.


Vou trazer aqui para a minha realidade, como sempre. Tenho uma amiga que fez aniversário em setembro (Quelzuxa, se você um dia ler isso aqui, saiba que te amo pacas, tá?), amigona mesmo, mas esqueci de felicitá-la. Vamos combinar que esse ano está todo mundo um pouco perdido em datas, né? Um belo dia, mais precisamente um mês e um dia após seu aniversário ela ligou e disse que eu era uma das poucas amigas que ela esperava a ligação no dia de seu aniversário.

Pegaram a visão? Então, como ela sempre liga no meu aniversário, ela criou a expectativa de que eu fizesse o mesmo e, como esse ano não fiz, ela se sentiu frustrada e pelo que conheço da figura, abandonada. Se fosse o contrário e ela esquecesse o meu, seria de boa porque ela é extremamente presente na minha vida e, apesar de amar receber telefonemas e mensagens de feliz aniversário por ser uma entusiasta desse rito de passagem, eu não ficaria chateada. Perceberam como esperamos receber sempre na mesma moeda?



No campo amoroso isso chega a extrapolar porque quando conhecemos alguém tendemos a “aceitar”, no calor do momento, algumas características da sua personalidade sem ponderar que, com o passar do tempo, podem nos incomodar. “Todo mundo espera alguma coisa de um sábado a noite”, já dizia o poeta. Esse “aceitar” para grande maioria é breve e nada sadio, não estou dizendo que não existam pessoas que aceitam genuinamente comportamentos que as incomodam em prol do bem querer do outro. Achamos que com o tempo o objeto do nosso afeto vai mudar porque nós vamos “ensiná-lo” a dançar conforme a nossa música e meu povo, quando isso não acontece, é ladeira abaixo. Corações partidos, frustrações, traumas que podem até serem levados a outros relacionamentos sem que percebamos. E vou te contar um segredinho, tendemos a repetir o padrão na escolha de um novo alguém.


Na minha opinião é bastante difícil quebrar essa corrente sem autoconhecimento, procure escrever (sei que sou repetitiva quanto a isso, mas faz um bem danado) o que você procura em alguém, depois descreva como a escolha passada era e compare. Analise seu último relacionamento e faça autocrítica.


Já o nosso relacionamento conosco, que é o mais importante dos relacionamentos, deveria ser mais leve, mas é bem o oposto. Vivemos na sociedade do imediatismo, da felicidade eterna, do “Yes you can!”, “Impossible is nothing”. Uma sociedade moldada a pensar que pode tudo, acaba frustrada no primeiro não que recebe. Não, não podemos fazer tudo. E sim, algumas coisas são impossíveis. A realidade é essa.

Tenho uma amiga (lá vem mais um “causo”) que tinha a vida acadêmica e profissional toda programada na cabeça dela. Ano x ela se formava, ano y começava outra graduação para no ano z fazer o mestrado e nesse meio tempo ela faria concurso para Polícia Civil, porque o sonho dela (ela mora em comunidade dominada pela mílicia aqui no Rio) é “meter o dedo na cara de bandido e ler os direitos dele”. Na cabeça tava tudo lindo, de acordo com o planejado. Booom, 2020 chegou. Aulas pararam, a faculdade dela demorou um pouco até se adaptar ao ensino a distância, seus planos atrasaram e ela está perdida sem saber como lidar com isso. Alta expectativa versus a realidade de 2020. E assim como essa nova realidade, outros fatores poderiam ter impactado no que ela havia idealizado e ainda podem impactar. A vida não é um roteiro, ela vai sendo escrita.

Crie menos expectativa dos outros, de nós e da vida, porque a melhor coisa que tem é ser surpreendido e se não for, tá tudo bem e vida que segue.


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