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Meu Sotaque! Diário de uma Jornada Rumo à Fluência em Francês

Foto do escritor: Lúrian Maria Gonçalves CoelhoLúrian Maria Gonçalves Coelho

Já imaginou como aprender um novo idioma pode mudar até a sua voz? No diário deste mês, quero compartilhar uma experiência que me pegou de surpresa: a mudança no meu sotaque!


Eu nunca tinha pensado nisso até receber comentários sobre minha fala. Foi então que percebi como aprender um novo idioma pode impactar não só o vocabulário e a gramática, mas também a forma como soamos ao falar.


Aliás, o título deste diário é inspirado em uma música icônica de Serge Gainsbourg: Je t’aime… moi non plus, uma canção que traduz a complexidade das relações e, de certa forma, reflete essa transformação que ocorre na nossa comunicação ao mergulharmos em um novo idioma.


Vista de Paris

Sotaque e Expressão: Você já ouviu falar do "Laboratório" dos Atores?


Quando um ator se prepara para um papel, ele passa por um processo chamado laboratório. Essa preparação vai muito além de estudar a personalidade do personagem – envolve vivenciar seu universo, entender seu contexto e, claro, dominar sua forma de falar.


No mundo do entretenimento, existem especialistas chamados dialect coaches (treinadores de dialetos) que ajudam atores a aprimorar ou modificar seus sotaques. Isso é essencial para papéis que exigem um tom mais neutro ou, ao contrário, um sotaque regional bem marcado.


Agora, pense nisso no contexto do aprendizado de idiomas: será que estamos preparados para as mudanças que acontecem naturalmente na nossa fala quando aprendemos uma nova língua?


Meu Processo de Aprendizado: Um Sotaque em Construção


Minha língua materna é o português, mas falo inglês como segunda língua. Há cinco meses, priorizo o francês, e confesso que essa jornada tem sido um verdadeiro desafio linguístico. Como mencionei no último diário, eu já misturava o português com o inglês – um verdadeiro perrengue chique de poliglota. Mas com a chegada do francês, minha mente virou um verdadeiro alfabeto embaralhado. 😅


Para ajudar na transição, decidi fazer imersões em inglês. Foi então que, no último mês, duas pessoas me disseram que minha entonação havia mudado! Elas mencionaram que meu inglês agora lembra o sotaque de franceses ou britânicos.


Curiosa, perguntei se isso aconteceu porque misturei alguma palavra em francês. A resposta? Não! Era apenas o meu sotaque que havia mudado.


Identidade Cultural e a Evolução da Fala


O português do Brasil é bem diferente do português de Portugal e de outros países lusófonos, como Angola e Moçambique. Aliás, ao visitar Luanda, notei que o sotaque deles me parecia mais suave e semelhante ao nosso.


Se no português já existem tantas variações, imagine no inglês! Há sotaques americanos, britânicos, australianos, canadenses e até mesmo aqueles falados em países como Índia e Malta, que têm características próprias.


Isso só reforça uma coisa: a comunicação é sobre compreensão, e nosso sotaque reflete nossas experiências e influências culturais.


Portanto, se você está aprendendo um novo idioma e percebe mudanças na sua fala, veja isso como parte do processo e uma prova de que você está se transformando e se adaptando.


Por que Meu Sotaque Está Mudando?


Pesquisando sobre o assunto, descobri que a mudança no sotaque ao aprender novos idiomas tem explicações linguísticas. Aqui estão três fatores principais:


1. Influência Fonológica


Cada idioma tem um conjunto único de sons e padrões. Quando aprendemos uma nova língua, tendemos a incorporar esses sons na nossa fala, o que pode alterar nossa entonação até no idioma nativo.


2. Transferência Linguística


Quando falamos um novo idioma, podemos trazer padrões de pronúncia, ritmo e entonação da nossa língua materna – e, às vezes, de outros idiomas que já conhecemos. Isso explica por que um falante multilíngue pode acabar com um sotaque híbrido.


3. Acomodação Linguística


Nosso cérebro se ajusta ao ambiente ao nosso redor. Quando estamos cercados por falantes nativos, nossa entonação e sotaque podem mudar inconscientemente para facilitar a comunicação.


Cartas Para Mim Mesma: Reflexões da Minha Jornada


Ao longo dos próximos meses, quero acompanhar meu progresso e ver como meu sotaque e minha fluência continuam evoluindo. Aqui estão algumas das minhas anotações pessoais:


🔥 A Batalha Contra…


  • Aprender francês em meio a viagens, um novo trabalho e uma rotina intensa.

  • Manter a motivação acesa – spoiler: este será o tema do meu próximo diário! 🫣

  • Será que vou me arriscar a aprender dois idiomas ao mesmo tempo? Vamos descobrir!


🚀 Fui F.A.N.T.Á.S.T.I.C.A quando…


  • Recebi amigos franceses no Brasil e consegui me comunicar apenas em francês. Diferente de antes, quando precisava recorrer ao inglês!

  • Aumentei minhas imersões para três vezes por semana, porque ensinar também é uma das melhores formas de aprender.


💡 Continuo na Saga de…


  • Melhorar minha pronúncia! Meu jeito natural de falar influencia minha entonação, então preciso treinar sem perder minha identidade.

  • Estudar além das imersões, porque eu amo gramática (sim, sou dessas!) e quero expandir ainda mais meu vocabulário.


❤️ Um Abraço no Coração Porque…


  • Já estou mais segura com os tempos verbais em francês (passado, futuro e condicional). Isso aconteceu porque priorizei esses temas nas minhas imersões!


Conclusão: A Fluência e o Sotaque São uma Jornada, Não um Destino


A mudança de sotaque é algo natural e, em muitos casos, inevitável. O mais importante é continuar praticando, se expondo ao idioma e aceitando que a fluência não significa perder a identidade, mas sim evoluir como comunicador(a).


Se você também está passando por essa transformação, lembre-se: o importante é se expressar com confiança e clareza, independentemente do sotaque!


Seguimos firmes, fluentes e confiantes – um dia de cada vez.


On y va! 🇫🇷

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